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                   Foto  e biografia:  https://www.sistemasolar.pt/ 
                    
                    
                  LUIS AMORIM DE SOUSA 
                  ( Angola – África ) 
                    
                  Nasceu em 1937, em Nova Lisboa, Angola. Passou a infância em  Lisboa e partiu para Moçambique em 1950, onde residiu nove anos. Entre 1959 e  1976 viveu em Londres, cidade onde estudou e exerceu várias profissões de  ocasião até ingressar na BBC. Nesta, foi locutor, produtor e director de  programas da Secção Portuguesa. Deixou Londres nessa data para ir ocupar o  cargo de Conselheiro de Imprensa junto da Embaixada de Portugal em Washington,  onde permaneceu até Janeiro de 1995, data em que foi transferido para Brasília.  Em 1997, foi novamente transferido para Londres, onde permaneceu até se  reformar. Vive actualmente em Oxford. 
                  Obra:  
                  Em 1968 lançou o seu primeiro  livro de poesia, intitulado Signo de Balança.   rês anos depois lançou Oceanografia. Deu-se então uma longa pausa de  edição, até que em 1996 lançou o livro de prosa Crónica dos Dias Tesos. No ano  seguinte, surgiu Ultramarino, obra que engloba poemas dos três primeiros  livros.   
                    
                  UM OUTRO  QUE NÃO EU 
                     
                    um outro que não eu 
                      bem mais voraz 
                      concreto 
                      e subtil 
                      te poderá depois talvez contar 
                      destes momentos cúmplices de agora 
                      perfeitos na intimidade 
                      da vaga dor de cabeça 
   
                      não te posso adiar por minha culpa 
                      não te posso invocar 
                      por excesso de altruísmo ou de rancor 
   
                      arquitectura fria 
                      dum gesto quase orgulho 
                      do que já lá não coube 
                      se nutre a tua imagem 
   
                      mais fácil do que tudo 
                      seria perdoar-me 
   
                      perde-se o vício 
                      por falta de virtude 
                   ( IN: Signo da Balança)  
                    
                    
                  COISAS  
                    
                  há coisas que vão ficando 
                    fotografias   louças   contas antigas 
                    não  sei 
   
                    debruçamo-nos tanto 
                    sobre a minúcia do quotidiano 
                    que  o dia a dia excedeu as nossa vidas  
                   
                    não sei como resiste o que perdura 
   
                    olho o telefone de coração na boca 
                    e aponto coisas para não me esquecer 
   
                    (In: NADAR NO ESCURO, 1997) 
  
                    
                    
                  * 
                   
                  Página publicada em abril de 2022 
                
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